Na balança...

Prendemo-nos a um conhecimento de livros e doutores, mas nada adianta se não somos vistos como alguém com tal conhecimento. Frequentemente me deparo com pessoas implorando dietas milagrosas, ao mesmo tempo que vejo casos de sobrepeso, diabetes, hipertrigliceridemia, hipercolesterolemia e síndrome metabólica na própria família. As pessoas (sempre) estão a procura de um corpo perfeito, caindo nas armadilhas da ditadura da beleza. Emagrecer por que é beleza. Emagrecer por que ELA e magra. Emagrecer por que é a conspiração mundial. E o mais absurdo disso tudo é que a sociedade se acostumou a facilidade para tudo. Não necessitamos mais subir escadas e nem escrever a próprio punho os trabalhos e cartas que desejamos. Conversar com alguém só cada um na sua casa. Dor de cabeça resolvemos na farmácia. Ocultamos os sinais para não cuidar da causa, e tudo sem esforço. Da mesma forma, e sem esforço nenhum, queremos emagrecer a base de dietas milagrosas, em poucas semanas. O que faço pra emagrecer até o natal?? A resposta é nada, a não ser que você esteja se referindo ao Natal 2010. Em um mês não farei milagres e nem colocarei a saúde de ninguém a risco. Ainda não adquiri poderes mágicos. Ninguém pergunta como virar nutricionista até o natal, isso por que precisamos nos preparar, nos planejar para algo maior e realmente importante para nós. De tal forma deveríamos nos planejar para a saúde, e não por que o verão está aí e preciso ficar esteticamente bem. Estamos numa sociedade tão fechada quanto ao conceito de beleza que a mesma é colocada a frente da saúde. As pessoas precisam aprender a diferenciar o corpo do eu. Eu não sou (apenas) meu corpo, e nem tão pouco representa minha maior parte.

Renegando a saúde em primeiro lugar, entramos num conceito de morrer pela beleza. E por quê? E pra que? Por mim ou pelos outros? As ‘gorduras’ são realmente a causa, ou um sinal de algo maior?

Por favor, chamamos manequins de modelos! Modelos de que? De transtornos alimentares talvez? Bulimias? Anorexias? Fome?

Programas de TV e revistas de dietas nada sabem sobre saúde, e ambos deveriam passar pelo psicólogo para cessar a busca interminável. O marketing imposto pela beleza é tão grande e inteligente que não percebemos que somos colocados cada vez mais a um corpo quase impossível, um ideal inatingível, uma venda de esperança interminável. Peso são apenas números. Circunferências são apenas números. Fazem sentido quando pensamos em saúde, mas por que relacioná-los a felicidade e a satisfação corporal?

Não estou a favor de uma sociedade que aplauda obesos e sobrepesos, mas que pense no peso de forma saudável e que entenda que um corpo é apenas um corpo, apenas uma carcaça de nós mesmos, porém fundamental para a saúde. Finalizo com uma charge, e reflitam nisso.


Comentários

  1. Difícil comentar algo já escancarado e transparentemente sincero, ainda mais vindo de uma especialista né, unindo o "senso comum", que todo mundo sabe e ninguém muda, com palavras escritas com propriedade de quem entende do assunto e vê isso de perto. =^) Parabéns, como sempre!

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  2. Nossa, senti algo familiar aí heim, tipo "síndrome metabólica na própria família"...
    Hehehe...

    Calma... calma...

    Beijinhos...

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